sábado, 29 de maio de 2010

Desencanto de Fadas



Houve uma vez um reino, um cavaleiro e uma dama.
Ambos se envolveram, enredados, na mesma trama.
Formou-se em torno de ambos, o laço formal
Mas errou quem porventura pensou que seria normal.

Naquele reino, o cavaleiro era pela lei.
Enquanto a dama, sinceramente, nem eu sei.
Talvez só por ela, só pelo que achava que era.
Só assim pra explicar a transformação em megera.

Na ciranda de fábula, no faz de conta invertido,
Começou com final feliz, e terminou com gemidos
O que era belo virou retalhos, o cristal virou vidro
Estourou em mil cacos, refletindo um olhar iludido.

Escreveu-se uma história, em folhas de mágoa
Ainda molhadas, de chuva e de lágrima,
Escreveu-se com carvão, e cinzas de uma paixão
Que nada mais foi que engano, veneno, ilusão

Teve por coadjuvantes, o engano, o erro, a loucura
O desequilíbrio, a desventura, e a realidade dura.
Havia uma esperança, um talvez, um quem sabe.
Um ilusório esperar, de um amor que não acabe.

Mas o amor, em sua forma leve e bela, não veio.
Vieram noites ruins, com maus sonhos no meio.
E a partir de certos momentos, ruim despertar
Até a realidade veio o preço da ilusão cobrar.

Perderam-se chances, perderam-se histórias.
Perdeu-se espaço nas bibliotecas da memória
Para guardar provas e documentar enganos
Proteger o reino de comportamentos insanos.

E hoje, olhando pra trás, vê-se que era cegueira.
Olhos estavam abertos, mas incapazes de ver à beira.
Coração-maçã envenenada, vazando sentimento vil.
E movido por tal motor, pronto a qualquer ardil

E ainda hoje, na floresta que ao reino se avizinha,
As mães não permitem que criança passeie sozinha
“Pois lá mora a Bruxa do Sentimento Errado
À procura de um cavaleiro, pra ser amaldiçoado”