sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Inconstância

Inconstante é a minha vida,
A minha lágrima escorrida
Tão duramente parida
Por uma raiva sofrida

Inconstante é o meu alento
Que chega quieto, vai pro canto
Voa, esvai-se com o vento
Me deixa a sós com meu pranto

Inconstante é o meu querer
Paradoxo constante, tão certo
Que me alfineta, sempre por não ter
O que, e quem eu quero por perto.

Inconstante é meu passado
Que mesmo por ter caminhado
Em meu passo lento, cuidado
Me faz sentir todo dia,
Que errei, que estou enganado

Inconstante é meu presente
Que faz meu peito dormente
Bater meu coração de presente
Bater com ritmo de bebum
Baixo como pia o mutum
Ofertando-se barato
Deitando-se em qualquer prato
Fosse então eu, qualquer um

Inconstante é meu futuro
Um rio de inconstância a passar
Um olhar por cima de um muro
E um destino que dá medo olhar

Inconstante é tudo na vida
É a lágrima, é o rio, é o coração
É a chegada, é a partida.
Inconstante é o local da ferida,
Inconstante é a certeza e o perdão.

Inconstante sou eu e o meu sofrer
Inconstantes somos, sofremos.
Inconstante é a felicidade e o prazer
Assim, Inconstantemente, vivemos.

Publicado no Recanto das Letras em 13/09/2009