sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Mariposa

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Gentil e suave mariposa,
Cegaste meus olhos
com o pó de tuas asas?

Porque tornaste meus dias
Cada vez mais embaçados?

Por onde voaste, leve peregrina?
Que mágoas e prazeres carregas,
E que ardores habitam teus pensamentos?

É essa mágoa que hoje me cega?
Ou é um prazer fazer meu olhar
Tornar-se esse confuso jogo de sombras?

Quando eu era criança
Tantas vezes temi encontrar-te
Tantas vezes fugi de ti.

Mas ainda assim admirava-te à distância
Hipnotizavam-me os olhos que carregas
Em cada uma de tuas asas.

E hoje, tamanha ironia
Eu por vontade própria, por total querer

Me abandono ao teu vôo incerto,
Me afeiçôo ao teu silêncio ancestral

E sonho contigo em vôos noturnos
E ao acordar, envolto em penumbra
Esfrego meus olhos, tal fazia em criança

E minha visão se vai,
Mesmo eu acreditando em seu sorriso,
Na suavidade de suas asas
E na paz que suas promessas trouxeram.

Publicado no Recanto das Letras em 11/01/2009