segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

Poça d'água













É a pequena poça de chuva
Formada com muita insistência
Depois de vários dias caindo
De maneira gentil, delicadíssima
Acariciando o chão abrasivo
Que finalmente arrefeceu,
E cedeu seu espaço

É a pequena tentativa de vida
O restrito espaço de esperança
Frágil como capricho de nuvem
Variável como direção de vento
Que carrega minhas esperanças
Como um pequeno girino,
Um ínfimo organismo
Encerrado numa poça de chuva.

Mas quando a chuva desce do monte
E carrega consigo milhões de anos
Lavando e sujando pelo caminho
Transportando os sedimentos
Os restos, os brotos, sementes
Os ovos e as serpentes
Alimentando as nascentes
Eu revivo também.

Quando a chuva retorna
Pro bem ou pro mal
A cabeça se apruma
A vista se arruma
O mundo volta ao normal.