sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Verão, me dá um tempo?


Tem momentos na vida em que a mente pede desesperadamente um descanso. Não que a minha seja tão acelerada. Nem acho que seja. O descanso pedido aqui não é descanso dela mesma. Pobre da minha mente, não é tão culpada assim. E tem se comportado bem demais até, ultimamente. Ela quer descanso sim, é dessa realidade momentânea. Dessa realidade dura, incômoda. Uma realidade que se impõe demais, que invade a vida da gente sem pedir licença. Uma realidade que faz com que as tentativas mundanas de escondê-la por parte dos que estão próximos da nossa observação, pareçam tentativas tolas. Às vezes insultos à nossa já cansada inteligência. Por isso que às vezes a mente pede pra descansar.

O mundo é um lugar estranho, isso eu sempre soube. Tem momentos em que é possível gostar mais dele, em outros momentos se gosta menos. Algumas estranhices a gente suporta melhor, outras nos incomodam mais, mas de qualquer forma são onipresentes, as estranhices do mundo. Só que chega uma hora em que começo a querer muito que certas estranhices não existissem, ou que ao menos não me fossem impostas. Certos tipos de música. Certos tipos de clima. Certos tipos de padrão cultural... Certos tipos de assunto, que acabam se tornando uma espécie de agenda oficial da imbecilidade brasileira popular, e acabam estampadas na sua cara, você querendo ou não olhar para aquilo. E a pior sensação envolvida nesse processo em específico é saber que algumas dessas coisas são criadas especificamente para embriagar a mente de uma parte da sociedade. E a sensação que a gente tem ao descobrir que isso funciona? E quando sabe que não funciona conosco, mas com uma grande, majoritária parcela de todo o resto? Aí é a hora que a sensação de estranheza incomoda, e a gente fica com vontade de pedir para o mundo parar, que a gente quer saltar.

Sim, estou falando da mídia, estou falando do povão, estou falando de Big Brother Brasil, e estou falando do quanto me sinto um alienígena quando não me vejo representado nessa onda de imbecilidade que parece invadir nosso país a cada verão. Desde as "modinhas do verão" até os programas dos quais "todo mundo" fica falando, o incômodo é saber que por mais que você não dê a minima para essa estação tão incômoda, ela acaba te incomodando de um jeito ou de outro. Se o velho Vira-Latas entrou no modo "cão rabugento", o que me resta agora? Torcer pra que o calor não seja tão ridiculamente desconfortável, que eu tenha ao menos a liberdade de ler meus livros sem ter que ouvir um pagode xexelento como trilha sonora, e que houvesse uma enxurrada de lama não na Região Serrana do RJ, mas sim no Projac. Que levasse Boninho, BBBs e Bial, todos irremediavelmente embora da minha realidade.