terça-feira, 20 de abril de 2010

O Destino e Eu


Hoje cedo, meu corpo todo doeu
Percebi que esse destino que vivo,
Esse destino atrevido,
Não é como eu pensava, meu.
Hoje meu corpo um pouco envelheceu

Um bem-te-vi pousado
Na antena do prédio ao lado do meu
Logo após eu ter acordado,
Com seu piado arrogante me recebeu
E pensei, onde minha vida se escondeu?

Olhei para trás, anos se perdendo no breu,
À medida que afasto-me do brilho
Da esperança que um dia me pertenceu
Porque não me sinto como me sentia?
Quando foi que me tornei tão ateu?

Hoje minha mente é veloz, e já percebeu
Que o mundo gira em uníssono lento
Gira num tom de lamento, e eu
Parado um dia no poleiro dos pombos,
Olhei para o céu e ele não respondeu.

Quem sou eu? Quem sou eu?
Só vieram os ecos, os sons dobrados
Uma tempestade de raios rasgados
E a chuva que me acolheu
Esse era eu...

O que sobrou de anos passados
De histórias vividas e futuros errados
Possibilidades perdidas e trens atrasados
Esse era eu...

Procurei tomar pé do que eu era agora,
Antes que o tempo rápido me levasse embora,
Mas não queria mais ver no que me tornei
Pois sentia tanta falta do que esperei...
Que chorei.
Chorei no silêncio do meu coração
Minhas lágrimas não viram luz nem escuridão
Só a minha alma as lágrimas provou
E só o destino meu pranto escutou.
Então eu...
Voltei a vestir minhas armas de guerra
Cansei de ficar nessa amarga espera
E fui procurar algo que mais fazer
Pra não ter que pensar, pra não ter que sofrer.

E sigo vivendo, de mal com o destino
Cruzando às vezes com o meu eu menino
E fazendo de conta que não o vejo
Esquecendo que em mim ainda arde o desejo
De fazer o destino comigo encontrar
Dar-lhe uns tapas na cara e vir me escutar
Contar para ele coisas que aprendi, enfim
E vê-lo se render, e sorrir para mim

Odemilson Louzada Junior
Publicado no Recanto das Letras em 20/04/2010

Dan the Man by studioJOHO



A vida, o dinheiro e o casamento através da visão de um personagem de videogame...

domingo, 18 de abril de 2010

Cibelle - Green Grass



Dirigido por Gus Guimarães e Adams Carvalho, este belo clipe da cantora Cibelle. A canção é uma composição de Tom Waits, e faz parte do álbum "The Shine of Dried Electric Leaves" de Cibelle. O clipe foi filmado, editado e depois, foi feito o desenho sobre cada frame.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

A Polêmica das Pulseiras Coloridas


Foi meio que o assuntinho da semana passada, o tal caso da menina com as pulseiras. Acho que um grande absurdo reside no fato de as tais pulseiras estarem sendo colocadas no centro da questão. É um caso em que fica claro tratar-se de um crime comum, onde as pulseiras foram apenas um detalhe, ou talvez até uma desculpa lateral para tentar explicar um delito. É quase como dizer que uma moça nos 60's morreu ou foi estuprada por estar usando um biquini ou uma mini-saia. Ou culpar-se os Fluffs e mini-garrafinhas de coca-cola dos 80's por algum tipo de delito.

Manias de adolescente existem desde o tempo dos bambolês, não é por aí que a banda toca. Agora, se está causando tanto escândalo da cabeça das pessoas uma simples mania adolescente, devia-se então olhar nas periferias o quanto de meninas de 13, 12, 11 anos já estão (e isso desde o meio-final dos 90's) tendo uma vida sexual precoce*, ativa, irresponsável e gerando filhos como resultado da conta. Só que aí não é a família só, mas sociedade como um todo quem paga.

________________________________
* E sem precisar de pulseirinha alguma...

terça-feira, 6 de abril de 2010

Sobre a Chuva no RJ...

Foto de Jadson Marques/AE
 Aqui o melhor álbum de fotos do temporal que vi até agora.

Eu morava em Petrópolis na época das enchentes catastróficas de 1982 e 1988. Muitos lembram o quanto de gente morreu, principalmente na de 1988. Após aquela época, por bem ou por mal várias obras foram implementadas na cidade. Em parte para consertar os estragos que foram muitos à época, mas em parte também para preparar a cidade para aguentar o tranco no caso de chuvas voltarem a castigar a região novamente. Por bem ou por mal, verbas desviadas aqui, demoras acolá, entre mortos e feridos (no sentido figurado, mas infelizmente no próprio também) conseguiu-se concluir obras que deram uma melhoria sensível à capacidade do município de suportar as chuvas, que lá na serra são bem mais frequentes e duradouras que na região metropolitana do RJ.

Hoje em dia, mesmo tendo aumentado as ocupações desordenadas, e o crescimento da população que mora nas encostas por lá (na verdade Petrópolis é quase toda encostas), ainda são menores as consequências de uma chuva torrencial do que as que foram na época. Mas há que se cuidar dessas ocupações irregulares, pois é uma questão de tempo até que as medidas preventivas se tornem ineficazes frente ao aumento da população que vive em locais impróprios.

Já no Rio de Janeiro a coisa muda de figura. Como a cidade raramente tinha chuvas duradouras, o que sempre imperou por aqui era a política do "deixa como está para ver como é que fica". No RJ qualquer meia hora de chuva já era suficiente para causar um nó na cidade. Essa situação de ontem pra hoje era uma questão de tempo (e despreparo), apenas. Eis que cai a chuva mais longa em 44 anos na cidade. E por mais fatalidade que seja, tudo que estamos vendo é como se comporta uma cidade que não aguenta 2 horas de chuva, que dirá 24 horas.

Agora, ano de eleição... vem aí as falácias, as desculpas e as histórias pra boi dormir. Espero que a chuva pare o mais rápido possível, pois a chuva uma hora passa... já a cara de pau desse tipo de político parece ser eterna...