segunda-feira, 6 de junho de 2011

Limitless - Sem Limites

Assisti ao filme Limitless – Sem Limites (2011) e confesso, com uma ponta de desconfiança. O fato de ter 2 atores de presença arriscada no elenco já era um indício. O primeiro, Bradley Cooper, é daqueles tipos “novo hype” que Hollywood volta e meia tenta empurrar garganta abaixo do público, fazendo um filme a cada 5 minutos. O segundo, um Robert De Niro que já conseguiu ir do topo da montanha, onde era ícone absoluto do cinema até o vale profundo onde moram aqueles artistas cuja presença em um filme pode fazer o mais eclético dos cinéfilos pensar duas vezes antes de assisti-lo.

Girando em torno da corriqueira idéia “cara fracassado que da noite para o dia adquire capacidades extraordinárias”, também precisaria de uma dose de competência para funcionar, visto que no passado outros filmes foram feitos baseados nesta mesma premissa, com os mais variados resultados. E eis que a última coisa que eu esperava acontecer, acontece de fato. Fui surpreendido.

O diretor Neil Burger (O Ilusionista, The Lucky Ones) conseguiu impor à produção não só um ritmo eficaz, como também visualmente interessante. Bem equilibrada entre o comercial e o autoral, a linguagem visual do filme atua como um importante suporte à história e ao clima do filme como um todo. Bons acertos da direção, boa fotografia e efeitos visuais, acrescentaram charme a certas cenas e reforçaram o clima de outras de forma bastante eficiente. Mérito pela escolha de usar os efeitos e a parafernália visual mais como apoio do que como fogos de artifício, o que combinou de forma perfeita com a história, onde a grande mudança acontece em primeiro lugar dentro da mente do protagonista.

Conte-se também o fato de que os atores, em especial o protagonista, estão bastante corretos em seus papéis. Tanto Cooper quanto De Niro conseguem tornar seus personagens críveis, sem descambar para o clichê. E para o desenvolvimento do filme, apesar de um ou outro detalhe ou personagem previsívis ou dispensáveis no roteiro, a conta fecha bem. E para maior de todas as surpresas, numa época de tão pouca inspiração nos filmes americanos, é um prazer encontrar um roteiro em que se chegue a um final bem amarrado. O normal hoje são filmes onde a proposta é boa, onde se supõe ou se espera um bom desenvolvimento de roteiro, mas onde as boas premissas vão cedendo lugar à evolução fraca, culminando em finais muitas vezes constrangedores. Aqui, ao contrário, o que acontece é que mesmo havendo um ou outro detalhe menos cuidado no meio do caminho, o filme encontra um modo de superar esses detalhes e fechar a conta no positivo, e ainda com uma bela gorjeta no fim. Nos últimos tempos, é mais do que se poderia esperar.