segunda-feira, 6 de agosto de 2012

A civilização da bolha

©vivaboo.com

Às vezes o mundo nos encerra numa bolha, e ficamos tão centrados em nossos assuntos que esquecemos de olhar pra fora. Vemos o mundo através de nossas lentes, através das frágeis paredes de nossas bolhas, e lutamos muito para impedir que estas bolhas estourem. E esse processo de reflexão e procura em manter nossa cápsula de vida intacta e sem riscos nos impede de ver muitas coisas que acontecem lá fora. Muitas vezes também ficamos ofegantes dentro da bolha, embaçando sua transparência original e criando distorções na forma de enxergarmos o mundo. Muitas vezes é comum vermos as pessoas fazendo coisas que consideramos erradas, mas que nós mesmos também fazemos. Muitas vezes, a bolha se embaça, e vemos alguém fazendo algo errado, e criticamos. Só que em alguns casos, devido à visibilidade alterada dentro da bolha, estamos vendo nosso próprio reflexo fazendo algo errado, e pensamos ser outra pessoa.

Muitas vezes, preferimos por no mundo a culpa, ou a responsabilidade por coisas que são reflexo direto da maneira como somos, como agimos, como interagimos. Começo a acreditar que o mundo fora da bolha, cada vez mais é um reflexo dos nossos medos, dos nossos defeitos, das nossas idiossincrasias, das nossas imperfeições, nossos preconceitos e das incapacidades que não aceitamos ter. Vamos seguindo imperfeitamente, e cada vez mais, colocando defeitos no mundo. Projetando coisas ruins, acumulando apegos a coisas desnecessárias, vivendo e revivendo sofrimentos, remoendo mágoas, regurgitando de nos alimentando novamente de traumas do passado.

Quando as coisas se tornam mais claras, ao invés de procurar entender o que se encontra dentro de nossas próprias bolhas, perpetuamos nossa conduta errônea ao continuar repetindo os mesmos padrões de crítica, de negação, de não aceitação e de desprezo ao que está lá fora, mas na maioria das vezes, acontece exatamente da mesma maneira que aqui dentro também. Perdemos as chances de encontrar aprendizado, crescimento, perdão, equilíbrio e autoconhecimento. Agora, cada vez mais, só nos resta flutuar em nossas bolhas de individualidade, torcendo para que não estourem com tanto peso que carregamos dentro delas.

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